Lendas e símbolos de Santiago de Compostela
A Lenda de Santiago de Compostela
A crucificação de Jesus Cristo, seus apóstolos dispersaram-se para pregar o Evangelho. Santiago Maior foi para a Península Ibérica, onde supostamente realizou sua missão evangelizadora.
Após vários anos de pregação na Península Ibérica, Santiago voltou a Jerusalém. No entanto, ele foi decapitado por ordem do rei Herodes Agripa I no ano de 44 d.C. Após sua morte, s eus discípulos, liderados por Teodoro e Atanásio, teriam transportado o seu corpo até a costa da Galícia, na Espanha.
Enquanto Pelayo, um ermita local, rezava numa noite escura, testemunhou uma série de fenómenos celestiais. Uma estrela brilhante apareceu no céu e guiou Pelayo até um bosque próximo. Inspirado pela estrela, Pelayo encontrou uma série de artefactos que indicavam a presença dos restos mortais de Santiago. Ele relatou sua descoberta ao bispo de Iria Flavia, Teo domiro.
O bispo, inicialmente cético, decidiu investigar a história. Durante as escavações, os restos mortais do apóstolo foram encontrados, confirmados por inscrições indicando que era o túmulo de Santiago. O milagre divino acontecera e a notícia começa a espalhar-se.
O rei Alfonso II das Astúrias, ao saber da descoberta, ordenou a construção de uma igreja no local. Essa igreja seria o início da Catedral de Santiago de Compostela. A construção da catedral começou no século XI, durante o reinado de Alfonso VI de Leão e Castela. A igreja inicial foi consagrada em 1075, mas o complexo da catedral foi expandido e renovado ao longo dos séculos.
A estrela que guiou Pelayo tornou-se um símbolo importante e é refletida no nome "Compostela", que se acredita derivar da expressão latina "Campus Stellae", que significa "Campo da Estrela", o tal campo para onde a estrela guiou o eremita, e que está hoje presente nos símbolos dos Caminhos de Santiago.
A Compostela
Os peregrinos que comprovadamente percorrem estes caminhos recebem uma Compostela, um certificado religioso emitido pela Catedral de Santiago de Compostela que atesta a conclusão bem-sucedida da peregrinação. Para obter a Compostela, os peregrinos geralmente devem cumprir alguns requisitos:
- Devem ter percorrido um trecho significativo do Caminho de Santiago por motivos religiosos ou espirituais.
- A maioria dos peregrinos deve percorrer pelo menos os últimos 100 quilómetros a pé ou a cavalo, ou 200 quilômetros de bicicleta, para se qualificar para a Compostela. No entanto, existem requisitos especiais para peregrinos com motivações religiosas específicas.
- Ao longo do Caminho de Santiago, os peregrinos devem obter um carimbo diário na sua credencial do peregrino. Isso serve como evidência de que eles realmente percorreram o caminho.
- O peregrino deve chegar a Santiago de Compostela e apresentar sua credencial do peregrino carimbada como prova da sua jornada.
A Compostela é um certificado em latim que inclui o nome do peregrino, a distância percorrida e a data de chegada. É um reconhecimento oficial da realização da peregrinação e é emitido pelo Escritório de Peregrinações da Catedral de Santiago de Compostela.
A lenda da concha de vieira como símbolo de Santiago de Compostela
Mas porque é que a concha de vieira é também ela símbolo de Santiago de Compostela? Diz a lenda, que no dia em chegou a Galícia a barca que trazia os restos mortais do apóstolo e seus dois discípulos, Atanásio e Teodoro, era celebrado um casamento. Quando o cortejo seguia para o templo pagão onde a cerimónia seria realizada, todos perceberam uma pequena embarcação à deriva, açoitada pelo mar violento. Sem pensar duas vezes, o noivo, montado no seu cavalo, foi socorrer os tripulantes desse barco, mas infelizmente uma grande onda arrastou-o mar adentro. Sabendo o seu fim estava próximo, o noivo rogou ao céu por ajuda. De repente o mar ficou calmo, e ele sentiu que uma estranha força o arrastava dali com o barco. Quando chegou á praia, o noivo, assim como o seu cavalo, estavam cobertos de conchas de vieiras.
A origem pagã da lenda da concha de vieira de Santiago de Compostela
Agora o outro lado desta lenda. Segundo as crenças pagãs, a vieira era ligada à deusa Vênus, que de acordo com a sua própria lenda, foi gerada dentro de uma concha. Segundo a historiadora Helyette Malta Rossi, "Vênus foi na Antiguidade a patrona das enseadas marítimas e dos navegantes. Acreditava-se que ela recebia os náufragos com amor maternal. Foi adorada em culto numa concha pelos Druidas que cruzavam o Caminho de Compostela e iam fazer as suas práticas espirituais em Finisterra. Na crença de que o mar seja a origem geradora da vida, e tendo a deusa um amor tão carnal como espiritual saído de uma concha, esta passou a representar a fecundidade. A concha é então relacionada ao seio materno, a vagina, ao útero, lugares de nascença".
Tudo indica que a "lenda do noivo", foi uma forma da igreja cristianizar aquele que era um símbolo pagão, amplamente conhecido, ao culto de Santiago. E funcionou porque peregrino que se preze, ostenta uma bela concha de vieira.
O Botafumeiro
Durante a Idade Média, a Catedral de Santiago de Compostela recebia um grande número de peregrinos, muitos dos quais percorriam longas distâncias. A concentração de pessoas e o ambiente fechado da igreja poderiam gerar odores desagradáveis. O Botafumeiro, ao ser balançado, espalhava incenso pela catedral, ajudando a purificar o ar e mascarar quaisquer odores indesejáveis. O incensário também é utilizado como uma forma de honrar o apóstolo Santiago, cujos restos mortais são venerados na catedral. O balanço do Botafumeiro simboliza a devoção e reverência ao santo padroeiro. O uso do incensário é uma prática litúrgica comum na tradição católica. O incenso é visto como um símbolo de oração que se eleva para Deus, e o balançar do Botafumeiro é uma maneira de enfatizar esse simbolismo durante as celebrações litúrgicas. Além do seu significado litúrgico, o Botafumeiro também se tornou uma atração turística em si. Muitos visitantes da catedral aguardam ansiosamente para testemunhar o espetáculo do balanço do incensário. Por fim, o botafumeiro é o maior turíbulo (incensário) do mundo, sendo por isso adotado também como símbolo da catedral.